domingo, 17 de fevereiro de 2013

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
 Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo
 Que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, 
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe
 Seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada,
 Mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida..
Ee a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
 Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas
 Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço,
 Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
 Se transforme na calma e na paz 
Que eu mereço.
Que essa tensão que me corroe por dentro
 Seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso
 E a outra metade
 É um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,
 Que o convívio comigo mesmo
 se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto
 o doce sorriso
 Que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, 
a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria.
 Para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
 Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
 Mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
 Porque é preciso simplicidade
 Para fazê-la florescer.
Porque metade de mim
 É a platéia
 e a outra metade,
 A canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim
 É amor
 E a outra metade...
" também".
Oswaldo Montenegro

Nenhum comentário:

Postar um comentário